Aurélio Pereira é de um tempo bem anterior à palavra scout, ao domínio dos números, aplicações e vídeos.
O futebol mudou muito desde que chegou à nobre tarefa de descobrir e desenvolver jogadores. E, ao mesmo tempo, o futebol não mudou rigorosamente nada.
Os rapazes continuam a jogar, a sonhar jogar pelas melhores equipas, nos melhores estádios, nas grandes competições, com milhares a ver e aplaudir. Continuam a existir famílias, concorrentes, clubes de bairro, clubes de aldeia, clubes de vila, clubes de cidade pequena. E os grandes emblemas.
Os melhores jogadores continuam a nascer onde calha. A primeira camisola quase nunca é a que anos mais tarde milhares veem. Os jogadores nascem por aí e é preciso descobri-los, tratá-los, cuidar deles e esperar. Era assim antes, será assim sempre.
O livro «Ver para crer», editado em 2021, guarda a forma de ser e o modelo que Aurélio Pereira montou ao longo de anos. Os jogadores que encontrou, como quem garimpa, chegariam para sabermos de quem estamos a falar. Esses jogadores são eternos, pelo menos tanto como esta figura única do futebol português que hoje nos deixou, sem no entanto nos deixar.
Esta obra que herdamos é tão espantosa, tão rica de histórias, de ensinamentos, de mensagens que as suas páginas deveriam estar nos balneários e paredes dos clubes. Todos aprendemos muito com Aurélio Pereira e podemos continuar a aprender. Porque o futebol mudou bastante, sem no entanto mudar. E o livro está por aí.
(foto da página 94)
Um Senhor que por exemplo "só" descobriu dois bolas de ouro